domingo, 3 de março de 2013

Fantasy


Eu estava parada em uma das plataformas flutuantes de terra. Em baixo de mim, nada mais, nada menos que o vazio. Mas como definir o vazio? Bem, aqui o vazio é definido com a aparência de águas escuras. Dizem que se você cair, não conseguirá voltar, e continuará a cair eternamente, sem chegar a lugar algum.
Ao meu lado, altas paredes finas de ferro subindo e descendo, indo e voltando. Acima de mim, o segundo vazio que a aparência definia a gravidade do local: o céu.
Sem dúvida, uma bela paisagem infinita.

Eu mexia pacientemente em meu IPod, esperando por alguém que estava demorando bastante. Quando começo a perder a paciência, um homem alto e estranho chega. Eu senti medo.

Acordo sentando-me bruscamente em minha cama. A adrenalina daquele estranho sonho ainda corria em minhas veias, mas eu ia me acalmando conforme minha vista ficava menos embaçada e eu via com mais clareza o meu quarto de paredes amarelas, abarrotado de posters e ursos de pelúcia. Passo as costas de minhas mãos na testa, limpando o suor. Eu preciso de um banho.

Essa não era a primeira vez que eu tinha esse sonho esquisito, eu já estava quase acostumada com ele. Já estaria, se não fosse aquele homem no final do sonho, na parte que eu sempre acordava. Quem era ele, afinal?

Sacudo a cabeça e levanto da cama. Nah, bobagem. É só um sonho.

Escuto minha mãe resmungar no andar de baixo algo sobre tirar meu celular caso eu me atrase pra aula de novo, o que me faz correr como uma louca. Tomo uma ducha rápida e coloco o uniforme, prendendo meus longos cabelos castanhos em seguida, e delineando meus olhos verdes com um lápis de olho preto. Saio correndo de meu quarto, pegando rapidamente o café que minha mãe preparou para mim e colocando num pote dentro da mochila, para comer quando chegasse na escola.

***

 Eu não prestava atenção lá em muita coisa da aula, estava morrendo de fome. Agradeci mentalmente quando a diretora apareceu na nossa porta, pedindo ao professor para ir com ela, e eu pude comer discretamente o pão com manteiga que trouxe, tentando me esconder da visão da fominha da Emi. Sério, uma vez ela me pediu um pedaço e comeu quase tudo! Ainda não sei como uma pessoa tão pequena e magra consegue comer tudo o que ela come sem engordar.

Minha atenção foi voltada para a porta da sala, quando entraram de lá o professor e mais um casal de gêmeos loiros. Não loiros oxigenados, aquele tom loiro dourado que todos sonham ter, e lindos olhos mel. A garota era um tanto menor que o irmão, com o rosto delicado, olhos grandes e lábios finos que contornavam o sorriso brilhante que a mesma continha, e o garoto ao lado era pouco mais alto do que a maioria, e extremamente parecido com a menina, mas ao contrário desta, seus traços eram mais fortes e definidos. Ok, ele era simplesmente deslumbrante.

Não consigo deixar de sentir uma sensação estranha ao olhar para os dois. É como se fossem virar pra mim, me abraçar e dizer meu nome repetidas vezes a qualquer momento. Principalmente quando o olhar de ambos pousaram em mim, com um brilho estranho nos olhos.

Malditas borboletas no estômago.

- Julie - A garota se apresentou, ainda com o sorriso no rosto, mas fazendo uma pequena reverência a turma.

- Jorge - O garoto disse em seguida, não menos brilhante que sua irmã. Os dois já eram motivos de burburinhos animados entre garotos e garotas de minha sala.

 E então eles voltaram a olhar para mim, ou assim eu achei. E as malditas borboletas e sensação de novo. Puta merda.

 A garota se aproximou de mim. A leveza em seus passos era algo impressionante, e digno de se olhar. Ela me encarou inocentemente, colocando uma mecha loira atrás de sua orelha.

- Podemos sentar com você, Liah? Ainda não temos os livros.

 Minha única resposta foi um aceno de cabeça, eu não conseguia falar nada. Mal conseguia respirar quando os dois pegaram suas carteiras, cada um se sentando em um lado meu, e o resto da sala me fuzilando com os olhos.

Mas agora que eu penso...

Como ela sabe meu nome?

Nenhum comentário:

Postar um comentário